Quase 40% das marcas que vão estrear na Feira de Franquias da ABF neste ano são de serviços. Além da maior participação deste tipo de operação em shoppings, o setor vive momento similar ao visto no comércio nos anos 2000, quando empresas de bairro perderam espaço a medida que o cliente cobrava profissionalização e padronização dos lojistas.

Ao todo, 49 empresas de serviços vão participar pela primeira vez da ABF Expo, que começa hoje (27) em São Paulo e segue até o próximo sábado (30) “Até o fim dos anos 1990 o consumo era quase todo feito em lojas de bairro, mas conforme o poder de compra cresceu, criou-se espaço para grandes redes. É isso que se dá agora em serviços”, conta a especialista em comportamento do consumidor e professora da Universidade São Paulo (USP) Maria Carolina Mendonça e Sá.

De acordo com a acadêmica, uma forma das empresas ganharem escala é com franquias. “Vemos, por exemplo, uma migração do cliente que antes fazia reparo em roupas na costureira do bairro para locais onde haja mais garantias de qualidade, preços e profissionalização. O mesmo vale para mecânicos, massagistas e escolas”, diz.

E é justamente o segmento de serviços educacionais o que mais terá novidades na feira. Ao todo 20 das 49 estreantes atuam com capacitação e formação.

Uma delas o Kumon. De acordo com o diretor de expansão, Thiago Alves, o objetivo de entrar na ABF Expo é prospectar clientes e fortalecer a marca. “A meta para 2018 é abrir 130 unidades, e chegar em 2020 com 1.650”, diz.

Quem também entra em campo pela primeira vez é a Makevator. Especializada em capacitação para o setor de beleza, o CEO da rede, Sidney Marques de Oliveira, conta que a decisão de participar da feira se deu após a empresa remodelar os processos internos e se preparar para mais um ciclo de avanço. “Agora estamos focados na expansão da rede e temos a meta de atingir 200 unidades nos próximos três anos, sendo 50 em 2019”, conta ele.

Apesar de operar com franquias desde 2016, a Ctrl+Play – rede de escolas de programação e robótica – também participa da ABF Expo pela primeira vez em 2018.

“Na feira, queremos consolidar nossa marca e fechar ao menos 10 novos negócios”, conta o diretor de franquias da rede, Samuel Quintans, lembrando que a meta para o ano é chegar a 50 unidades em operação. “Esperamos assinar mais 25 contratos de franquia entre junho e dezembro.”

Com 98 escolas em operação e outras 49 em processo de implementação, a rede bilíngue de ensino Maple Bear irá usar a primeira participação na feira da ABF para chamar atenção de investidores. “Identificamos diversas praças com elevado potencial e apresentaremos, no evento, oportunidades em um modelo de negócio consolidado” diz o CEO, Arno Krug. De acordo com ele, só no primeiro trimestre, 12 escolas foram inauguradas, e meta é outras 10 até o fim do ano. Conversa franca

Para Maria Carolina, professora da USP, a profissionalização do setor de serviços é mais difícil que o verificado no comércio, uma vez que sem produtos “físicos”, o cara a cara com o consumidor e a qualidade do serviço são fundamentais para garantir o crescimento.

De modo similar pensa a diretora executiva do Grupo Bittencourt, Lyana Bittencourt. De acordo com ela, os desafios para se operar em serviços com qualidade são muitos. “Diferente de um comércio – em que o cliente, dependendo do quanto gosta do produto, pode perdoar pequenas falhas – nos serviço a ‘taxa de perdão’ some”, pondera.

Segundo a gerente de inteligência de mercado da ABF, Vanessa Bretas, setores como Serviços Administrativos, Saúde, Beleza e Comunicação estão entre os que mais têm se profissionalizado. “Recebemos muitas consultas e esse perfil [de negócio] terá participação relevante na feira”, diz Vanessa.

Com isso, a expectativa da ABF é que o setor de franquias fature até 8% a mais ainda neste ano, média que pode ser maior nos serviços. “A tendência é que as franquias de serviços cresçam acima deste valor. As franquias de reparo de eletroeletrônicos, por exemplo, cresceram 32,2% em 2017 ante 2016.”

E foi para aproveitar esse momento do setor de reparos que a #Hashtec, marca do Grupo PLL, começará a franquear. Segundo o sócio-diretor da #Hashtec e Grupo PLL, Lucas Linhares, a empresa já crescia de modo orgânico, e chegou a reparar mais de 40 mil aparelhos por mês.

Com essa demanda, a opção de crescer com de franquias surgiu. “Em um carnaval, viajei a Búzios e no primeiro dia meu celular quebrou. Busquei uma assistência técnica, e depois de muito esforço, localizei uma, mas que não tinha as peças necessárias. Notamos aí que tínhamos uma grande oportunidade”, diz ele, que pretende somar 30 franquias neste ano.

Quem também entra em 2018 na feira da ABF é a DrogaVET, que oferece serviços de manipulação veterinária. Segundo a sócia-fundadora da empresa, Sandra Schuster, a entrada na feira corrobora com o plano de expansão da rede, que já atua com franquias desde 2004. “Estar na feira abre a possibilidade para que novos empreendedores conheçam nosso modelo de negócio”, conta ela, que pretende ter 50 unidades em operação até o fim deste ano e, até 2020, atingir 70 unidades.

Correndo por fora

Para acelerar o plano de expansão, a rede de lavanderias Laundromat também marca presença na feira este ano. De acordo com o diretor da marca, Nicolas Lopez, uma das novidades deste ano é o lançamento de um modelo de microfranquia. Com um formato self service no sistema de comodato o objetivo é abrir 10 lojas este ano. “Identificamos que no Brasil há uma demanda crescente de pessoas que buscam este tipo de serviços em horários alternativos, com este modelo vamos conseguir atender o usuário 24 horas nos sete por semana”.

Com um custo reduzido, quando comparado ao um modelo tradicional de franquias, as microfranquias da marca cabem em um espaço de 15 m². “Os locais ideais são supermercados, postos de gasolina, open malls, e outros que tenham esse perfil de sinergia de negócios, estacionamento e segurança.”

Outra empresa que também prospecta bons resultados com serviços de marketing e comunicação é a Guia-se Negócios pela Internet. Para a edição deste ano da feira, a empresa pretende fechar ao menos 10 contratos, e chegar a 130 operações no País até o final do ano. “Com modelo home based de microfranquia, o negócio é ideal para cidades com mais de 50 mil habitantes”, explica o CEO da Guia-se Negócios pela Internet, José Rubens Oliva Rodrigues.

A rede Tratabem, parte do grupo iGUi Worldwide, já atua em feiras da ABF há três anos, mas aposta em condições diferenciadas para fechar negócios na edição de 2018.

Segundo a diretora de franquia da marca, Lilian Marques, o plano é abrir 110 lojas em 2018, fechando o ano com 300 franquias em operação. “Na ABF, buscaremos também mais cinco escritórios para nosso plano de expansão nacional.”

Com os novos negócios e toda a perspectiva de crescimento com franquias, a executiva estima que, em pelo menos três anos, cerca de 50% do faturamento da iGUi Worldwide venha da Tratabem.

Leia a matéria original em: DCI

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