A Natura, conhecida por sua inspiração brasileira e por ingredientes vindos da Amazônia, é cada vez maior fora de seu país de origem. Com a compra da Avon, a companhia dá um salto em sua presença pelo mundo.

Não apenas as duas gigantes de cosméticos terão faturamento conjunto de mais de 10,9 bilhões de dólares, como estarão presentes em 100 países com mais de 6,3 milhões de consultoras ou representantes. Será o quarto maior grupo de beleza do mundo, atrás da L’Oréal, Estée Lauder e Shiseido.

Até então, cerca de 45,4% das receitas líquidas da Natura & Co vinham do Brasil. Com a aquisição, a empresa dependerá muito menos de seu país natal: cerca de 68,3% das vendas virão de fora. A empresa passa a ser uma das empresas brasileiras mais internacionalizadas.

Considerando apenas as receitas, Natura se torna a 7ª brasileira mais internacionalizada. A análise é feita com base na pesquisa anual da Fundação Dom Cabral, que acompanha as trajetórias internacionais das companhias brasileiras.

Segundo a pesquisa, entre as empresas com maior porcentagem de receita fora do Brasil, Odebrecht, CZM e Fitesa ocupam as três primeiras posições do ranking, com 84,2%, 82,3% e 77,5% das receitas vindas de fora.

O ranking analisa quantos ativos e funcionários as companhias têm no exterior em comparação ao total e qual a participação das operações internacionais em suas receitas. A edição de 2018 contou com 69 companhias brasileiras, incluindo aquelas que operam por meio de franquias.

A fabricante de não-tecidos Fitesa, Odebrecht e a InterCement, do grupo Camargo Corrêa, são as empresas com o maior índice de internacionalização, segundo a pesquisa, considerando também o número de ativos e funcionários estrangeiros.

Histórico

Apesar do salto gigantesco que a Natura dá com a compra da Avon, sua internacionalização começou nos anos 1990, com a expansão para a América Latina. Em 2013, se tornou uma empresa multimarca, com a compra da australiana Aesop, de produtos mais premium, que hoje tem mais de 300 lojas pelo mundo.

Há dois anos, a brasileira enfrentou seu maior desafio até então, com a compra da inglesa The Body Shop, com 3 mil lojas pelo mundo. “Agora, com a Avon, damos mais um passo na internacionalização, em uma escala muito maior”, afirmou o presidente executivo do conselho de administração da Natura, Roberto de Oliveira Marques, em teleconferência sobre o negócio.

De acordo com o banco BTG Pactual, as duas terão 47% do mercado de vendas diretas no Brasil. A maior parte da operação se concentra na América Latina, responsável por 25,6% dos negócios excluindo o Brasil. Também é a região que mais deverá ser beneficiada pelas sinergias da companhia.

“Dada a expertise significativa da Natura em grande parte das operações da Avon na América Latina, se a Natura focar nessa operação e em suas sinergias, a transação se torna mais atraente”, afirmou o Itaú BBA em um relatório de março, quando surgiram os primeiros boatos sobre conversas entre as duas companhias.

Para o banco, as sinergias entre as duas companhias podem ser ainda maiores, ao considerar a capacidade logística da Natura, que pode ser usada para distribuir também os produtos Avon.

Afinal, é comum que revendedoras atuem com mais de uma empresa, seja Natura, Boticário, Avon, Tupperware ou outras marcas de venda direta. De todas as 4,15 milhões de revendedoras da nova companhia que atuam na América Latina, cerca de 482 milhões já atua, com as duas marcas e esse número só tende a aumentar.

Para Marcos Gouvêa, fundador e diretor geral do Grupo GS&Gouvêa de Souza, as duas companhias têm grandes chances de crescimento em países emergentes, regiões já atendidas por elas. “Vendas diretas, o core das duas empresas, são muito mais relevantes nesses mercados, em comparação com países mais desenvolvidos”, afirma.

Com a aquisição, a Natura leva seus produtos com ingredientes brasileiros para cada vez mais longe.

Leia a matéria original em: Exame

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