Espaços compartilhados e com múltiplos usos são tendências para os empreendedores em 2019. Dividindo o local com outras empresas, é possível reduzir os gastos na fase inicial do negócio, dando mais fôlego em um momento no qual o retorno costuma ainda ser baixo. Segundo Cezar Kirszenblatt, gerente de Conhecimento e Competitividade do Sebrae Rio, cada vez mais são buscadas as opções com custo menor de investimento.

— Quem está, por exemplo, entrando no ramo da gastronomia e vai lançar um tipo novo de esfirra pode participar de um centro de produção comunitário, de uma cozinha comunitária. Esse imóvel tem cozinha, estrutura de refrigeração, o empreendedor ocupa o imóvel com outros e divide custos — exemplifica o gerente do Sebrae, acrescentando que o compartilhamento de espaços também tem crescido entre médicos e dentistas: — E eles não reservam o espaço por dia, é por hora.

Por isso, afirma Kirszenblatt, a construção civil deve estar preparada para fazer espaços multifuncionais. Para ele, quem tem a possibilidade de construir um imóvel de dois ou três andares deveria considerar criar um espaço misto, que possa servir de moradia e local de trabalho.

Claudia Bittencourt, diretora geral do Grupo Bittencourt, também vê potencial neste ano em empresas ligadas à tecnologia e que estão de olho nas mudanças de comportamento do consumidor.

— Quem estiver antenado e se adequar vai crescer. Veja o ramo de entregas por meio de aplicativos: quantas empresas como o iFood estão surgindo? Mas todas estão apoiadas em tecnologia — observa.

Ela afirma que muitos dos negócios que acabam é porque foram superados por concorrentes que investiram em tecnologia. E exemplifica com uma loja de congelados de São Paulo que fechou:

— Conversando com um empresário, ele disse que isso era esperado porque, com o avanço da entrega de comida por aplicativo, ninguém precisa mais congelar nada.

Para Claudia, outro segmento que deve crescer é o de negócios voltados para consumidor jovem, que “compra tudo em aplicativos”:

— Aqueles que estiverem fazendo essa mudança internamente vão sobressair.

Há também os negócios que estão se modernizando, como as clínicas de repouso para idosos, que não são mais frias e com jeito de hospital. Agora, elas surgem mais alegres, com outra cara e oferecendo serviços aos clientes.

A VEZ DOS PRODUTOS ORGÂNICOS

Kirszenblatt, do Sebrae, lembra que outra área em crescimento é a de orgânicos, mas em diferentes segmentos, como o da beleza e o da alimentação. No caso da gastronomia, está cada vez mais popular a alimentação orgânica, com frutas e legumes sem defensivos agrícolas e produtos finais sem aditivos.

— Isso vai desde o produtor rural até o restaurante. É preciso ter a consciência que a geração Z, que vai começar a entrar no mercado, como os millennials, querem produtos ambientalmente corretos — avalia o gerente do Sebrae.

Ele cita também o avanço da alimentação vegana e vegetariana. Mas reforça que, mesmo os restaurantes tradicionais podem aproveitar a onda natural, oferecendo orgânicos dentro de seu mix de produtos, já que há itens de origem animal feitos sem uso de aditivos e defensivos.

Claudia, do Grupo Bittencourt, afirma que a origem do que se come passou a ser algo importante para o novo perfil de consumidor, e que os empreendedores devem estar atentos a isso.

No mercado de beleza, a maior conscientização se reflete na busca por produtos sustentáveis. O consumidor quer itens que gerem menos resíduos tóxicos, por exemplo, ou com opção de embalagem refil. Para os veganos, já existe no mercado nacional maquiagem feita sem componentes de origem animal.

TURISMO ADAPTADO

Com o envelhecimento da população brasileira, outra área que avança é a de hospedagens adaptadas para este público, que costuma ter restrições de locomoção e maior risco de quedas.

— Há cada vez mais pessoas querendo ou se mudar para moradias especializadas ou fazer turismo para hotéis adaptados. Para isso, esses locais precisam ter, por exemplo, condições especiais de segurança no banheiro — explica Cezar Kirszenblatt, gerente de Conhecimento e Competitividade do Sebrae Rio, citando as barras instaladas em paredes de banheiros que ajudam a dar mais estabilidade aos idosos.

Ainda no ramo da adaptação, ele cita o turismo de aventura mais inclusivo. Segundo o especialista do Sebraae, é possível tornar aproveitar as potencialidades dos parques naturais, como os existentes no Estado do Rio para torná-los mais acessíveis e, assim, atender aos desejos das pessoas com deficiências (PCDs).

— Poucas agências oferecem esse tipo de serviço. As PCDs querem participar de rafting, de trilhas. Então é necessário que as trilhas sejam adaptadas para eles, e que isso seja preparado por agentes de turismo capacitados para receber esse público — completa.

COMO MELHORAR AS CHANCES DE SUCESSO
Familiaridade

O mais recomendado é que haja alguma relação com a área em que se planeja abrir um negócio. Quem quer empreender com pets, por exemplo, deveria ser alguém que gostava de brincar com animais quando pequeno.

Conhecer mercado

Escolhida a área, é necessário buscar mais informações sobre ela. Assim, é possível descobrir, por exemplo, se há alguma necessidade especial relacionada ao serviço que se quer oferecer.

Formação

Uma ferramenta que ajudará no processo de conhecer o mercado e de estabelecer o negócio é estudar. Além dos conteúdos disponíveis na internet, há cursos que o empreendedor pode fazer (entre pagos e gratuitos). O Sebrae disponibiliza conteúdo sem custo no seu site de Inteligência Setorial sebraeinteligenciasetorial. com.br sobre tendências nos cinco setores analisados pela entidade (construção civil, moda, turismo, alimentos e petróleo e gás).

Planejamento

Outro passo importante é criar um plano de negócios, com informações sobre investimento necessário, fluxo de caixa, retorno previsto.

Negociação

Kirszenblatt, do Sebrae, lembra que é importante ter habilidades de negociação porque o empreendedor nunca estará sozinho. Ele estará sempre inserido em algum contexto com outras pessoas (funcionários; clientes, sejam estes pessoas físicas ou jurídicas; fornecedores), e é importante saber lidar com eles

Recursos

Embora existam casos de sucesso em que os empresários empenharam 100% de suas reservas financeiras, não é recomendável usar todos os recursos da poupança. O melhor é começar pequeno e aumentar a escala conforme o negócio avança, o que atenua os riscos.

Tecnologia

A empresa precisa estar antenada nas novas tecnologias. Mesmo que seu foco seja uma loja física, é preciso pensar na multicanalidade, alerta Claudia, do Grupo Bittencourt: ter presença na internet, seja por site ou aplicativos, duas plataformas muito usadas hoje para compras.

Redes sociais

O cliente de hoje é diferente daquele de 20 ou 10 anos atrás, alerta Claudia. Além de fazer compras on-line, ele quer ser respondido rapidamente. Isso pode ser feito via redes sociais, que devem ser usadas também como plataforma de marketing para divulgar o negócio.

Leia a matéria original em: Extra

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