Após ser atingido por uma deflação de 0,76% no acumulado dos dois últimos meses, o setor de varejo têxtil amargou queda de 3,4% no volume total de vendas no mês de junho. Até o final de 2018, os lojistas esperam recuperar os prejuízos obtidos com uma sincronia maior entre as temperaturas das Regiões Sul e Sudeste e as coleções de inverno.

“Até meados de maio tivemos um inverno muito quente, impactando as vendas previstas para o período do Dia das Mães, uma das datas mais importantes no calendário do varejista”, afirmou o diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Edmundo Lima.

De acordo com o porta-voz da entidade, uma série de eventos neste ano gerou um efeito em cascata negativo sobre o desempenho do comércio de roupas, tecidos e calçados – com destaque para a greve dos caminhoneiros no mês de maio.

“A paralisação fez com que o fluxo de consumidores nas lojas diminuísse, afetando também as vendas projetadas para outra data comemorativa, o Dia dos Namorados”, afirmou Lima.

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada pelo IBGE, referente ao mês de junho, no acumulado do ano, as perdas do setor têxtil chegaram a 3,5%. No que diz respeito à receita nominal dos lojistas brasileiros, segundo o balanço, houve retração de 1,8% na mesma base de comparação. Especificamente no mês da paralisação, o faturamento desse mercado encolheu cerca de 3,3% ante o mês anterior. “Os lojistas já vinham tentando se recuperar por meio de liquidações antecipadas desde o Dia dos Namorados [12 de junho]”, argumentou Lima.

Daqui para frente

Tendo em vista esse cenário de queda no volume de vendas, tendência de deflação dos produtos e aumento de custos, Lima descarta que ocorra uma transferência de custos ao preço final das mercadorias. “Atualmente, o lojista não consegue realizar esse repasse para o preço dos produtos para os clientes. Os consumidores, ainda mais hoje, estão muito sensíveis a qualquer tipo de variação nesse sentido.”

Para ele, a expectativa é de que ocorra maior compatibilidade entre as temperaturas e os estoques disponíveis. “O esforço que vemos agora é referente à chegada da estação da primavera e um clima mais condizente com o lançamento das novas coleções para atrair mais consumidores às compras”, destacou o porta-voz.

A análise do diretor executivo também passou pelo cenário macroeconômico do País. “Esse ano, em particular, é desafiador para o setor têxtil – tendo em vista as indefinições na política brasileira e uma economia ainda travada. Estamos lutando para manter o resultado obtido em 2017”, destacou Lima. No ano passado, esse segmento apresentou crescimento em torno de 3,5% – com uma movimentação financeira de R$ 144 bilhões.

Ainda de acordo com ele, para o segundo semestre de 2018, a perspectiva continua otimista mesmo após os percalços dos últimos meses. “Datas comemorativas como o Dia das Crianças, Dia dos Pais, Natal e Black Friday , colocando a marca num processo de liquidação”, afirmou.

Apelo promocional

Para a diretora-geral da consultoria empresarial Grupo Bittencourt, Claudia Bittencourt, a queda no volume de vendas do setor também está ligado a falta de confiança do consumidor no cenário econômico como um todo. “Nesse sentido, com a perspectiva de melhora no longo prazo, o varejista vai ter que ajustar sua operação interna, revendo custos relacionados à operação das lojas e renegociando com os fornecedores”, afirmou.

De acordo com ela, para não depender totalmente de datas comemorativas, uma possível alternativa para o lojista é criar eventos promocionais “próprios”. Além disso, ela afirma que, atualmente, é necessário complementar o poder de venda das unidades às plataformas virtuais, considerando também uma redução nos custos fixos dos negócios.

Leia a matéria original em: DCI

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