Já possui o nosso cartão? Tem certeza que não quer parcelar? Quer a garantia estendida?

Quem frequenta grandes redes varejistas está acostumado a ouvir essas perguntas, e sabe que, para além de roupas ou acessórios, a missão de vendedores e caixas é conseguir que o cliente se engaje com os serviços financeiros oferecidos nas lojas.

Cada vez mais, o varejo se dá conta de que pode reduzir a atuação de intermediários de fora (como os grandes bancos) e oferecer crédito ao consumidor diretamente ou através de instituições financeiras próprias.

Uma olhada nos recém divulgados balanços do segundo trimestre do setor ajuda a entender a lógica por trás dessas interações cotidianas:

Renner

Um quarto do lucro da rede antes do pagamento de juros e impostos (indicador conhecido como Ebitda) veio de produtos financeiros no primeiro semestre deste ano (R$ 188,7 milhões).

Marisa

O grupo teve um prejuízo de R$ 11,5 milhões com suas vendas no varejo entre janeiro e junho (Ebitda), mas isso foi compensado por um lucro de R$ 94,8 milhões com empréstimos pessoais, financiamento de compras e seguros no mesmo período.

Magalu

No primeiro semestre, a Magalu faturou R$ 25,8 milhões apenas com juros pagos por garantia estendida contratada para os produtos vendidos na rede. Entre seguros e a financeira Luizacred, a Magalu registrou um lucro bruto de R$ 665,9 milhões.

Riachuelo

O grupo Guararapes, dono da Riachuelo, teve um prejuízo operacional de R$ 37,3 milhões com vendas no varejo, o que foi compensado pelos R$ 234,3 milhões de resultado com produtos financeiros.

Carrefour

O Banco Carrefour teve um lucro de R$ 497 milhões no primeiro semestre, um pouco acima do resultado positivo (Ebitda) de R$ 429 milhões do Carrefour varejo.

Esse movimento das redes rumo aos serviços financeiros começou agora? Não, que o diga o crediário da Casas Bahia.

A oferta de crédito é fundamental para o varejo, já que ajuda o cliente a concretizar a compra. A diferença é a revolução que o uso intensivo da tecnologia em serviços financeiros traz para o setor.

“O que há de novo é que agora há uma engrenagem muito mais eficiente na avaliação do crédito e nas formas de pagamento”, afirma Jean Paul Rebetez, sócio diretor da GS&Consult, consultoria especializada em varejo do Grupo Gouvêa de Souza.

Além disso, as redes vêm profissionalizando sua oferta de serviços financeiros, criando instituições financeiras próprias, como a Realize, da Renner, ou a Luizacred, do Magazine Luíza.

A tendência é que o varejo continue ampliando seu espaço na concessão de crédito? Sim. Cada vez mais, a tecnologia permitirá que o varejo atue como instituição financeira.

“Os empréstimos já são muito bem explorados pelo varejo e a tendência é isso cresça ainda mais, conforme presenciamos a evolução de fintechs [startups do setor financeiro] analisando o crédito rapidamente para o consumidor final”, diz Rebetz.

Para o especialista, a tendência é que comecem a aparecer grandes parcerias e coligações entre redes de segmentos diferentes, a exemplo do que acontece na China.

“Poderemos ter uma associação de grandes marcas, redes que vendem roupas, supermercados, pneus, oferecendo o mesmo cartão de crédito para todas as suas bases de consumidores”.

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