Fim de ano é uma boa época para os empreendedores olharem para trás e analisarem erros e acertos de 2018 e corrigir a rota para começar 2019 com o pé direito e garantir resultados melhores.

Especialistas apontam o controle das finanças como ponto no qual os micro e pequenos empresários costumam deslizar. Mas há solução. Janaina Monteiro Henrique, de 39 anos, criou uma confecção com a mãe, que é costureira. Ela conta que, com a crise, o negócio quase quebrou, e então surgiu a ideia de abrir uma loja de roupas e acessórios, a JoyFit, na Maré.

Ela aponta a falta de planejamento e controle financeiro como os maiores erros cometidos na época da confecção. Por isso, Alexander Araújo, professor das áreas de Finanças e Contabilidade da Celso Lisboa Escola de Negócios, ressalta a importância de um suporte de um gestor ou contador. Segundo ele, sem isso, os empreendedores podem confundir seu patrimônio pessoal com o da empresa:

— Muitas vezes ele acha que a empresa está gerando lucro, mas é patrimônio dele, esses patrimônios não podem se confundir.

Há 11 anos, a fisioterapeuta Camille Castro abriu um estúdio de pilates e espaço de fisioterapia em Vila Valqueire e diz também ter sentido dificuldade com o controle financeiro.

— Por ser fisioterapeuta, tenho dificuldade com sistemas, até hoje eu não trabalho com sistema informacional, que é uma necessidade latente — afirma.

Com a crise, ela precisou fazer cortes na equipe e dispensar o a empresa que cuidava do marketing:

— O custo é muito alto. Então, ações de marketing e eventos eu acabo não fazendo. Só mesmo divulgação por conta própria.

A preocupação com marketing faz sentido. Claudia Bittencourt, da consultoria de negócios Grupo Bittencourt, ressalta que a divulgação é essencial para melhorar as vendas.

Atenção dividida

Camille Castro, da Oficina do Corpo, diz sentir que errou ao se dividir, durante um tempo, entre dar palestras e administrar seu espaço de pilates, o que, ela acredita, pode ter comprometido seu empreendimento. Mas, segundo Mirella Condé, analista do Sebrae Rio, isso não necessariamente atrapalha os negócios.

— Vai depender do perfil da pessoa e do empreendimento. No início, você pode conseguir fazer (duas coisas), mas pode ser que, com o aumento de clientes, fique mais difícil conciliar — disse Mirella, alertando que pode chegar a um ponto em que será necessário, sim, fazer uma opção. — Se o negócio crescer muito, chega uma hora que precisa fazer uma escolha, ou não vai ficar bom nem um nem outro.

Já para quem perdeu o controle das finanças e viu as contas da empresa irem parar no vermelho, a dica de Claudia Bittencourt, diretora-geral da consultoria de negócios Grupo Bittencourt, é procurar orientação profissional.

— Geralmente, o empreendedor vai ao banco pegar empréstimo achando que vai vender mais no mês seguinte, mas esse dinheiro é caro. E muitas vezes não precisa de dinheiro, é uma questão de revisar gastos. Então, o melhor seria buscar ajuda para revisar despesas, analisar o negócio — afirma Claudia, listando aluguel alto e conta de energia como possíveis despesas da empresa que podem ser reduzidas.

Principais deslizes

Trabalhar pouco

Segundo Mirella, do Sebrae, muitos acham que, ao criar uma empresa, trabalharão pouco. Mas, na verdade, eles terão que fazer tudo sozinhos, da compra de materiais aos registros de caixa.

Esperar retorno rápido

Outro erro comum é acreditar que o dinheiro investido retornará rapidamente. Na verdade, diz Mirella, no melhor dos cenários, a empresa só gera lucro após um ano. Por isso, é necessário ter reservas para passar por esse período.

Confiar demais

Claudia, do Grupo Bittencourt, aponta o excesso de confiança e otimismo como outro pecado. Ela afirma que alguns acreditam demais no potencial do negócio e se esquecem de olhar para os pontos fracos, como a gestão financeira falha.

Concorrência

Outro erro listado por Claudia é não olhar o que acontece no mercado. Como o negócio vai bem, diz ela, o empreendedor esquece de se policiar e ver se está surgindo algo que possa substituí-lo. O mesmo vale para legislações e tecnologias que possam impactar o serviço.

Sem planos

A falta de planejamento é outro deslize comum, afirma Claudia. É preciso definir metas claras, como o faturamento ou resultado que se quer alcançar e em qual período, para saber o que fazer para atingir isso. Assim é possível acompanhar os objetivos e trabalhar com a equipe para chegar lá.

Treinar para quê?

Outros empresários pecam ao não capacitar a equipe. De acordo com Claudia, é preciso instruir os funcionários sobre processos e cultura da empresa. Caso o empreendedor não tenha como fazer isso por conta própria, deve investir em treinamento.

Ignorar marketing

Claudia também ressalta que o empreendedor não deve deixar o marketing de lado só porque já vende bem, afinal, vem daí a possibilidade de crescer ainda mais.

Leia a matéria original em: Extra

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