Daniel de Jesus – fundador da Niely, vendida para a L’Oréal em 2015 – está de volta ao mercado de beleza. Com a Duty Cosméticos, ele retoma a aposta no segmento de produtos para cabelos voltados para as classes C e D. É projeto ambicioso, que pretende bater cinco mil pontos de venda físicos no Sudeste só este ano. No digital, já vende para todo o Brasil, com estratégia impulsionada por uma garota-propaganda de dupla personalidade: a atriz Paolla Oliveira e sua personagem na novela “A dona do pedaço”, da TV Globo, Vivi Guedes, a “influencer do momento”. Para crescer, Jesus não descarta avaliar os ativos que a Coty planeja vender no Brasil.
O empresário, que começou sua caminhada vendendo picolés nos trens do Rio e como office-boy, fundou a Niely em 1986, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A empresa se tornou destaque em produtos para cabelo para classes C e D. Na esteira da expansão econômica do país e do ganho de renda nesses segmentos, foi vendida para a L’Oréal, em transação concluída em 2015. Informações de mercado, na época, avaliavam o negócio em R$ 1 bilhão.
Jesus integrou o time da L’Oréal por dois anos. Depois, enquanto cumpria prazo estipulado em contrato para voltar a atuar no segmento de beleza e cosméticos, abriu outras frentes. Tem participação de 20% na Taco Bell Brasil, uma fatia de 5% da Escola Eleva, uma incorporadora com mais de duas mil unidades em empreendimentos em construção em Nova Iguaçu, entre outras.
Concorrência acirrada
A Duty vai ingressar num mercado de concorrência feroz. No Brasil, as líderes em coloração são L’Oréal e Coty; em condicionadores e creme de tratamento, Unilever e L’Oréal; em xampus, Unilever e L’Oréal, segundo dados da Euromonitor International, especializada em pesquisa de mercado. É cenário que se aplica também a uma possível disputa pelas marcas da Coty no país.
— O mercado de beleza é bem polarizado e com grandes marcas já estabelecidas. Um novo entrante vai ter mais dificuldade em avançar. Para a Duty, comprar marcas da Coty, se fizer sentido em seu plano de negócios, pode ajudar a compor portfólio. Mas grandes como Natura, Boticário, L’Oréal seriam os players que vão disputar naturalmente esses ativos — avalia Alexandre van Beeck, especialista em varejo da GS&Consult.
A logística para entrega de produtos comprados pelo site da marca em todo o país, continua ele, é desafio para a Duty. O mercado, porém, oferece oportunidade a marcas que costuram produtos de qualidade com relacionamento direto com o cliente, sobretudo digital.
A Duty inicia sua trajetória com duas linhas. Uma delas é a DutyColor, de coloração, a outra é a DaBelle, de tratamento. O empresário, no entanto, recusa a comparação com a Niely, afirmando se tratar de uma iniciativa “inovadora”.
— É tudo pensado. Produto bom não é favor. Os nossos já nascem livres de química agressiva ou testes em animais. O digital vem com muita força, com plataforma construída pelo Beleza na Web (referência em e-commerce de cosméticos e que foi comprada pelo Grupo Borticário) — explica ele. — Insisto nas classes C e D. São consumidores regulares e fiéis. Prefiro cem pedidos de R$ 1 mil do que um pedido de R$ 100 mil, porque se esse grande cliente para, a fábrica fecha.
Leia a matéria na íntegra em: O Globo