Foi-se o tempo em que se entrava em uma loja de plantas apenas para comprar um vaso de flores e pronto. A exemplo de outros segmentos, como alimentação, cuidados pessoais e pets, as lojas verdes se transformaram em espaços de convivência, onde é possível desfrutar um café, assistir a uma palestra, ler um livro ou simplesmente relaxar em meio à loucura cotidiana.

E, claro, levar para casa produtos que lembrem esse momento especial. Mais do que flores, mudas e plantas ornamentais, o que está a venda ali é bem-­estar. “Esse tipo de negócio segue a tendência mundial de oferecer experiência durante o ato da compra”, afirma o consultor Marcos Hirai, sócio-diretor da consultoria GS&BGH. “Hoje em dia, é possível comprar qualquer coisa na internet, inclusive plantas e flores. Quem se desloca até a loja quer mais.”

Nesses empreendimentos, que ganharam importância no último ano, a sofisticação não fica limitada ao ambiente, mas se reflete nos produtos.

Além de oferecer opções botânicas mais modernas, como os terrários — espécies de jardim em miniatura dentro de vasos ou frascos de vidro —, os espaços verdes contam com funcionários especializados, capazes de atender um público mais bem informado, que já chega à loja munido de dados sobre as plantas e os jardins que quer cultivar. “Para quem quer abrir uma loja de plantas hoje, capacitação é fundamental”, diz Hirai.

Outro cuidado importante é conhecer bem o público da região ou cidade, para criar o melhor mix de serviços.

Como se trata de um grupo de negócios ocupando o mesmo espaço, os especialistas recomendam tratar cada braço de maneira independente. “É preciso fazer um plano para cada um dos empreendimentos — loja, cafeteria, eventos. Depois, será necessário calcular qual impacto um negócio terá sobre o outro”, diz Diego Smorigo, consultor de negócios do Sebrae-SP.

FLO Atelier Botânico
O que hoje é uma loja e cafeteria, com direito a carta de drinques e espaço para relaxar, há pouco tempo era um cantinho no quintal de um casal.

O FLO, que atualmente fatura R$ 1,5 milhão ao ano, nasceu como hobby do publicitário Antonio Jotta, 37 anos, depois de uma viagem que ele fez a Paris com a mulher, a designer Carol Nóbrega.

Voltaram inspirados pelas floriculturas do Marais e passaram a produzir terrários para a própria casa e para os amigos. “Logo começamos a receber encomendas e a participar de bazares e feiras”, diz Carol. Para dar conta da demanda, abriram em 2015 um showroom na Vila Madalena, em São Paulo.

Seis meses depois, veio a loja. No ano passado, o casal decidiu ampliar as instalações, abrindo um novo espaço de 380 metros quadrados no mesmo bairro, com café e jardim para descompressão.

Botanista
Estúdio de tatuagem, café com brunch, loja de plantas e eventos convivem no mesmo espaço na Botanista, localizada no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Foram as tatuagens que deram início ao empreendimento. Ilustradora especializada em botânica, Elissa Rocabado, 30 anos, decidiu abrir um estúdio dedicado à mesma temática.

Com o sucesso do atendimento, veio também o desejo de encontrar o ambiente ideal para atender os consumidores.

Ao lado de outras duas sócias, abriu um espaço com loja de plantas no térreo e estúdio de tatuagem no andar de cima. “Desde o início, já tínhamos uma máquina de café e oferecíamos alguns chás”, conta Elissa. Então as clientes começaram a pedir quitutes e o negócio passou a oferecer brunch em alguns dias do mês.

A casa também abriga eventos, voltados principalmente para mulheres, que respondem pela maioria do público.

Jardin do Centro e Quintal do Centro
Há seis anos, o casal Jean Manuel Gonçalves da Silva, 34 anos, e Ina Amorozo Grossmann, 32, decidiu montar um negócio onde pudesse trabalhar com flexibilidade de horário e cuidar dos filhos.

Em 2015, colocaram a primeira parte do projeto em prática. Ina parou de dar aulas de música para crianças e foi cuidar da Jardin do Centro, pequena loja de plantas na região central de São Paulo, com 25 metros quadrados. Em seis meses, a dupla alugou a casa ao lado e expandiu o espaço para 200 metros quadrados, passando a vender também itens de decoração.

No ano passado, o casal abriu uma filial, a Quintal do Centro, agora com 300 metros quadrados. Hoje, os dois espaços faturam R$ 1,5 milhão ao ano — cerca de 70% vem do café. “Agora estamos em busca de um investidor para transformar nosso modelo em franquia”, diz Jean.

COMO FAZER SEU NEGÓCIO FLORESCER

Diversifique para o mesmo público
Manter dois ou mais negócios em um só espaço tem seus riscos. “Se você abrir uma casa de chás e um estúdio de tatuagem, por exemplo, o risco de um dos dois naufragar é grande”, diz Smorigo, do Sebrae-SP. Todos os serviços têm de atender o mesmo tipo de público.

Padronize o atendimento
Não adianta ter baristas premiados tirando o café se seus clientes forem mal atendidos na hora de comprar plantas. Avalie se é melhor ter equipes individuais para cada negócio ou se vale a pena treinar o mesmo time para que ele atue com excelência em todos os braços.

Elabore planos diferentes
Por mais que endereço, nome, marca e time sejam os mesmos, você terá dois ou mais negócios funcionando ao mesmo tempo, o que exige estratégias distintas. É aconselhável fazer um plano para cada um e decidir futuramente se a combinação está mesmo rendendo frutos.

Não espere retornos idênticos
Quando se tem dois ou mais negócios funcionando juntos, é natural que o resultado financeiro de um seja melhor do que o do outro. Isso não significa que aquele que rende menos não seja importante. A loja de plantas pode ser o chamariz para a sua cafeteria, ou então vice-versa.

Um negócio não atrapalha o outro
Plantas são produtos sensíveis. Por isso, não é uma boa ideia ter uma cozinha de onde saiam itens quentes, como bolos, muito perto dos vasos. Ao mesmo tempo, uma cafeteria exige certa circulação dos clientes e funcionários. Leve esses detalhes em conta ao projetar o negócio.

Leia a matéria original em: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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