*Por Marcos Gouvêa de Souza

Depois da tempestade vem a bonança. E depois da tempestade perfeita que o Brasil enfrentou nos últimos anos, estamos preparados para a bonança quase perfeita que se transforma em profecia auto-realizável. A expectativa positiva de perto da 70% da população e da esmagadora maioria dos líderes empresariais, combinada com os diversos movimentos externos e internos, desenham o cenário para essa bonança com garantia de ocorrência, ao menos até meados de 2019.

Na expectativa da posse dos novos governantes e do Congresso renovado as sinalizações são em grande parte positivas e alguns sinais bastante claros.

O comportamento da Bolsa de Valores, com sucessivas altas e encostando no patamar histórico dos 90 mil pontos. O crescimento do IDE – Investimento Direto Externo, que atingiu perto de US$ 10,4 bi em outubro, também com tendência de crescimento. A confiança dos setores empresariais medida por diversos indicadores setoriais que estimula investimentos em suas áreas de atuação. E a confiança do consumidor, avaliada pela FGV, que cresceu para seu maior nível nos últimos quatro anos e que mostra tendência de melhoria para os próximos meses.

Todos esses elementos sinalizam a perspectiva de, ao menos no primeiro semestre de 2019, reconectarmos com nossas esperanças positivas para o futuro que tem efeito de profecia auto-realizável. Na lógica do consumo e do varejo o desempenho da Black Friday foi um importante sinalizador. Segundo a Boa Vista – SPC teria crescido 4,7% comparativamente com o mesmo período do ano passado. No e-commerce especificamente, de acordo com indicadores da Ebit/Nielsen, o crescimento teria sido de 24% em comparação com 2017.

A combinação de menor inadimplência e comprometimento de renda futura deve assegurar um Natal acima das expectativas anteriores – e que será bastante influenciado pelas vendas à crédito, com ticket médio mais alto e uma maior disposição do consumidor para apostar no futuro. Na previsível retomada positiva do mercado o cenário pode ser ainda melhor, se alguns temas forem priorizados.

Nas propostas envolvendo a nova organização do governo, ficou muito estranho, para não dizer inexplicável, a atribuição de um Ministério para o setor de Turismo, inegavelmente uma área com muito potencial e que recebe menos de sete milhões de turistas externos por ano. Enquanto os setores de Indústria, Comércio e Serviços ficou apenas com uma Secretaria do recém criado super Ministério da Economia. Turismo deixou de ser serviço.

O bom senso e a lógica indicariam a criação de um Ministério da Produção e Turismo, integrando Indústria, Comércio, Serviços e Turismo ou apenas a criação de uma Secretaria de Turismo. De outro lado existe uma oportunidade relevante numa ação coordenada para redução da informalidade no Brasil. O cenário recente estimulou o avanço da informalidade como pode ser medido pelo aumento do Índice da Economia Subterrânea, apurado pelo IBRE/FGV em conjunto com o Etco, que aumentou 1% sobre 2017, indo a 16,7%.

Mas é inegável que neste final de ano temos um cenário à frente muito melhor quando comparado aos últimos cinco anos. E tudo isso endossa a perspectiva de reversões estruturais fundamentais nos planos previdenciário, tributário, de simplificação, privatização e desmonte do Estado-interventor, que tornem irreversível a retomada de nosso pacto com um melhor futuro.

Leia o artigo original em: DCI

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