A rede de livrarias Saraiva é alvo de ações de despejo contra 33 de suas 75 unidades no país. A empresa está em recuperação judicial desde novembro do ano passado e tem fechado lojas como parte da tentativa de equacionar as contas.

Ao confirmar que enfrenta 34 ações de despejo, a empresa informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado, que as elas não têm impacto sobre a operação. Das 34 ações em curso, 28 ainda tramitam em primeira instância, sete ações tiveram pedido de liminar deferido, mas três tiveram efeito suspenso.

O comunicado ressalta, porém, que todas as ordens de despejo estão suspensas em razão de decisão do juízo responsável pela recuperação judicial.

A Saraiva afirmou, por meio de nota, que está cumprindo com suas obrigações contratuais com todos os shoppings em que mantém lojas, destacando que os processos em andamento não afetam o funcionamnto dessas unidades. Frisa ainda que “a companhia tem evoluído bem nas negociações com as administradoras dos Shoppings Centers, que são parceiros essenciais à sua operação”.

Desde que pediu proteção à Justiça, no fim de novembro, a Saraiva fechou 29 lojas, de acordo com o relatório mensal de atividades de maio. Neste mesmo período, o grupo dispensou 347 funcionários, passando a contar com 2.438.

‘Forte encolhimento’

Em março, foram fechadas as lojas de Copacabana, na Zona Sul do Rio, e da Rua São Bento, em São Paulo. O processo de encolhimento de unidades da rede começou no ano passado. Antes de recorrer à Justiça para buscar proteção contra credores, a rede encerrou 12 unidades, em outubro do ano passado, além de oito espaços da iTown, uma das revendedoras da Apple no país.

Entre março e novembro de 2018, cortou cerca de 420 colaboradores.

A Saraiva é uma marca centenária. No primeiro trimestre, registrou prejuízo de R$ 63,8 milhões, contra um lucro de R$ 1,32 milhão de janeiro a março de 2018. Desde que iniciou seu processo de reestruturação, que busca um modelo mais enxuto de atuação, concentrando esforços na venda de livros.

Para Jean Paul Rebetez, sócio da GS&Consult, as adversidades enfrentadas pela Saraiva são resultado de uma soma de fatores, incluindo a crise do mercado editorial e de cultura.

— A rota da Saraiva é difícil. Houve passos na direção errada nos últimos anos. Em 2015, o grupo vendeu a editora, que era uma espécie de joia da coroa, para focar no varejo. Mas o varejo sofreu muito na crise. Outros grupos, como Fnac e Cultura, também sofreram. O desfecho será um forte encolhimento do negócio, para poder, depois, readequar a operação e voltar a caminhar — avalia o consultor.

A assembleia de credores marcada para o último mês de junho acabou sendo suspensa. Haverá nova assembleia no próximo dia 7 de agosto.

Leia a matéria original em: O Globo

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