Eles compram roupas, vão a restaurantes, planejam viagens e visitam lugares dotados de apelo visual – tudo por uma curtida.

Chamados de “instagrammers” – pessoas que compartilham fotos diárias na rede social –esses usuários planejam sua rotina, escolhem para onde ir e o que comprar de acordo com a quantidade de “likes” que podem receber.

Conscientes e atentos a esse novo estilo de vida, muitos empresários têm mudado a estratégia e a forma como lidam com o espaço e produtos que expõem na loja física. A intenção é criar ambientes mais atraentes, chamados de “instagramáveis” para que o cliente fique bem na foto.

Mesmo inexistente no dicionário da língua portuguesa, o termo já reúne mais de 12 mil publicações no buscador do Google e é utilizado para tudo aquilo que se considera compartilhável na rede – um prato bonito, um lugar diferente, uma bebida da moda.

No entanto, ao mesmo tempo que essas publicações funcionam como divulgação espontânea de muitos negócios mundo afora, elas também podem gerar incômodos aos lojistas.

Uma pesquisa divulgada recentemente pela empresa de cartões de crédito Barclaycard, do Reino Unido, apontou que tal comportamento cria um desafio para empresas de e-commerce em vários países da Europa.

De acordo com o levantamento, tem aumentado o número e a intenção de compra de peças de vestuário apenas para serem postadas nas redes e que, logo em seguida, são devolvidas.

De acordo com a pesquisa, 9% dos usuários ouvidos admitem comprar roupas apenas para registrar nas redes sociais com a hashtag #lookdodia, já com a intenção de devolvê-las.

No jornal britânico The Guardian, onde o levantamento foi divulgado em primeira mão, os especialistas sugerem que a possibilidade de devolução gratuita e a opção de receber a peça para testar antes de comprar oferecida pelo varejo online podem ter contribuído para essa prática.

Para Caio Camargo, sócio-diretor da consultoria GS&UP, ainda faltam dados para entender esse universo de maneira mais objetiva, embora, ele julgue como real o impacto desse movimento no varejo.

Para intimidar comportamentos como o sugerido pela pesquisa europeia, Camargo sugere a adoção de regras mais rígidas sobre a devolução e trocas. O consultor, porém, acredita que em vez de combater esse tipo de uso, seria mais interessante pensar em um novo tipo de negócio que atenda a essa demanda.

Ele cita, por exemplo, brechós de luxo que poderiam alugar peças por dia ou um clube de assinaturas, seguindo o exemplo de marcas do exterior como Rent the Runway ou Bonobos, que criaram clubes de compras, em que o consumdor recebe um certo número de peças para usar ao longo do mês e depois, as devolve.

A LOJA TAMBÉM MUDA

Embora o consumo instagramável apareça nas pesquisas para o varejo da WGSN, empresa especialista em previsão de tendências de moda e consumo, ainda não há números no Brasil que confirmem comportamento similar ao que está ocorrendo na Europa, de acordo Luiza Loyola, especialista em tendências da WGSN.

No entanto, Luiza diz que cada vez mais as marcas estão transformando suas lojas em templos “instagramáveis” ao usar cores atrativas e serviços interativos para criar experiências memoráveis e compartilháveis dentro das lojas. Ou seja, os varejistas estão projetando suas lojas com o Instagram em mente para aproveitar o momento.

“As lojas estão incorporando cada vez mais recursos de design criados especialmente para serem compartilhados nas mídias sociais”, diz.

A especialista explica que os jovens consumidores são nativos digitais, que desconhecem o mundo pré-internet. Nesse sentido, para eles é difícil separar o mundo virtual do físico.

A CORRIDA DO INSTAGRAM

Com mais de um bilhão de usuários, o Instagram tende a ser mais efetivo que outras redes para perfis de pessoas famosas e empresas. Um estudo da Socialbakers, empresa de análise de mídia social, mostra que a plataforma obtém quatro vezes mais interações do que as mesmas no Facebook.

Cientes do potencial desse tipo de divulgação, algumas marcas passaram a investir no visual de suas lojas e estão criando produtos para estimular mais postagens de seus clientes. Nos Estados Unidos, essa tendência teve origem especialmente nos centros de moda e de gastronomia.

Aberto para ser uma espécie de loja pop-up, o Museu do Sorvete (Museum of Ice Cream) em Miami, nos Estados Unidos, retrata bem esse fenômeno. É repleto de ambientes lúdicos, fotogênicos e imersivos, como, por exemplo, uma piscina com cem milhões de granulados artificiais, onde o público mergulha para fazer fotos pelo tempo máximo de três minutos.

Ao todo, são dez salas supercoloridas e temáticas, que lembram um estúdio fotográfico, onde as pessoas vão para criar diferentes poses.

A ideia inicial era que a exposição fosse temporária, mas depois de fazer tanto sucesso em cidades como, São Francisco e Los Angeles, o museu se fixou numa das principais avenidas de Nova York. Os ingressos custam US$38.

Leia a reportagem na íntegra em: Diário do Comércio

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