*Artigo de Marcos Gouvêa de Souza

Na Europa, nos Estados Unidos e agora na América Latina, os formatos de lojas hard discount mostra impressionante crescimento, sacudindo o setor de supermercados e conveniência.

Originariamente uma concepção alemã, o hard discount é uma operação focada em baixíssimos preços para produtos alimentares, pela combinação de lojas simples, poucos serviços, limitados meios de pagamentos, marcas próprias, boa localização e comunicação por meio de volantes e material de ponto de venda.

Uma das variantes mais relevantes é a operação do In/Out, na qual, a cada uma ou duas semanas, é oferecido um grupo de produtos fora do sortimento habitual da loja, com estoque limitado e preços competitivos, gerando a compra por impulso.

As principais empresas desse conceito no mundo são as alemãs Aldi e Lidl. A Aldi é de 1913 e hoje opera mais de 10.400 lojas em 20 países. Entrou nos Estados Unidos em 1976 e tem mais de 1.800 lojas por lá, onde lançou uma variante, a Trader Joe’s, com mais de 500 lojas, muito mais palatável ao gosto local, mas sem perder a essência. Seu mais direto concorrente global é a Lidl, de 1973, com mais de 10 mil lojas em 30 países e que entrou nos EUA em 2017, fazendo adaptações.

Muitas organizações desenvolveram modelos similares em outros mercados. Segundo a Fenalco, na Colômbia, os operadores de hard discount têm 6,5% de participação entre os 11 maiores varejistas, com 1.600 lojas, em seis anos.

A precursora e mais próxima do conceito puro de hard discount na Colômbia é a D1, que só vende com pagamento em dinheiro. Seu faturamento cresceu 45,5% no ano passado. Outra do ramo é a Ara, parte do grupo Jeronimo Martins de Portugal. Implantada há seis anos, a empresa abriu mais de 150 lojas e cresceu 73,4% em 2017. Outra que segue a mesma proposta é a Justo y Bueno, cujos controladores adaptaram o hard discount e lançaram rede de food service, a Tostao Pan y Café, que em três anos abriu 285 unidades e deverá encerrar 2018 com 400 unidades.

De forma simplista, o fenômeno do crescimento do hard discount em alimentos está na exacerbação do comportamento pragmático e racional de parcela crescente dos consumidores do mundo, sobretudo nos países mais maduros, onde acompanha o envelhecimento da população. Nos países emergentes é a chance de acesso à produtos com preços menores, especialmente em tempo de volatilidade econômica.

Sua confirmação no Brasil está na expansão e desempenho do atacarejo, formato que mais cresceu nos últimos anos, em marcas como Atacadão e Assaí. O Dia, spin off do Carrefour, cresce com “Soft Discount”, apoiada em marcas próprias.

Mas essa combinação de lojas menores, mais próximas, despojadas, focadas em preço baixo, elevada participação de marcas próprias, características do modelo hard discount, sendo adaptado à nossa realidade operacional, logística e tributária, poderá ser a próxima onda no mercado brasileiro de varejo de lojas físicas.

Leia o artigo original em: DCI

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